Durante a tradicional passagem de “bastão”, meu antecessor me sinalizou a sua preocupação com alguns integrantes do time e me chamou a atenção afirmando que para ele, “equipe tinha prazo de validade”.
Ele referia-se aos inúmeros problemas
de baixo rendimento e comprometimento de determinadas colegas de trabalho, mas
confesso que esse pensamento me fez refletir sobre tudo o que eu havia estudado
e vivenciado até os dias atuais sobre Gestão de Pessoas.
Na minha análise eu buscava
entender porque uma equipe 100% orgânica, com todos os benefícios da categoria e
que acabara de ser beneficiada a conquista de mais 30% no salário base decorrente
ao aumento de periculosidade, poderia estar tão desmotivada e apresentando
tantos problemas.
De imediato, tentei identificar
se a desmotivação da equipe estava associada a alguma condição operacional do
trabalho, como falta de estrutura, equipamento ou de apoio, mas não encontrei
nada que justificasse uma desmotivação em cerca de 30% da equipe.
Passei então a uma análise das
condições legais, como pagamento, remuneração, benefícios etc... Mais uma
vez, nenhuma irregularidade, fato ou situação relevante.
Fui então analisar o perfil dos
profissionais. Constatei que todos estavam perfeitamente enquadrados dentro de
um parâmetro criado pela companhia e pelo próprio mercado de segurança.
É claro que eu não poderia deixar
de considerar que a própria mudança na gestão estaria gerando certa ansiedade e
expectativa na equipe, mas esse sintoma deveria ser observado após minha
entrada e não ser uma análise de meu antecessor. Até porque a equipe só foi
informada da minha entrada a véspera da minha contratação.
O que então poderia estar gerando
esse clima de desinteresse e esse cenário de desmotivação com baixo
comprometimento?
Resolvi então aplicar a técnica
de causa/efeito e através do diagrama de Ishikawa fiz um novo mapeamento para pontuar as possíveis causas raiz do problema.
Durante esse processo identifiquei duas vertentes que até então não havia colocado em evidência. Faltava uma reflexão sobre as
políticas organizacionais e aplicação da liderança.
Ao aprofundar a análise dessas duas vertentes e suas relações, identifiquei que a média gestão da equipe estava com sérias dificuldades de liderança e com forte resistência, em alguns momentos até indiferença ao modelo de gestão da nova administradora.
Através deste diagnóstico identificamos que essa situação se colocava como a principal causa raiz do problema exatamente porque a média liderança, por não estar 100% comprometida, refletia na equipe problemas que potencializavam a desmotivação de alguns colaboradores.
Diante deste cenário,
aplicamos algumas ações imediatas com a finalidade de:
1) Resgatar
e envolver a média gestão com os valores e propósitos da companhia;
2) Identificar
realmente os integrantes da equipe em maior grau de desmotivação;
3) Fazer
um job com essas pessoas nas diversas equipes para que a mudança por si só
gerasse uma necessidade de reambientação;
4) Desoneração
da média liderança nas ações altamente operacionais, proporcionando liberdade e
possibilidade de maior atenção junto ao vigilante;
5) Provocar
reações da equipe através de situações de controle e quebra de rotina.
6) Difundir
os valores da nova companhia para todos os colaboradores, aproveitando fatos do
dia a dia para relacioná-los entre si.
Talvez ainda seja muito cedo para
avaliar se essas ações serão realmente suficientes a médio e longo prazo. No
entanto, posso assegurar que em curto prazo estão se mostrando altamente
eficazes.
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