A Segurança de Patrimônio x Movimentações Sindicais

Neste capítulo pretendo apenas explanar a visão macro dessa relação. Em outras oportunidades, estarei desenvolvendo mais sobre esse tema.

Para que se entenda a relação conflituosa que existe nesse cenário, é necessário  inicialmente recapitular o papel de cada parte envolvida nesse contexto.

A Segurança de Patrimônio tem por responsabilidade garantir a integridade física do patrimônio de uma Empresa, bem como a integridade física e moral de seus colaboradores. Mas á ela, também cabe a responsabilidade de garantir a continuidade dos negócios. Gerando segurança e condições para que ele não seja afetado pelos diversos fatores que interferem no processo produtivo, onde um desses fatores é toda e qualquer manifestação sindical que resulte em paradas e consequentemente em perdas.

Os Movimentos Sindicais por sua vez, são legítimos e constitucionais, inclusive amparados pela realização de piquetes. Tendo como ápice de sua manifestação, a greve. Via de regra, resultado da falta de diálogo ou impasse na mesa de negociações. Por sua vez, o principal objetivo de uma greve é paralisar a produção, gerando perdas á Empresa, e é nesse ponto que existe o principal conflito de papéis.

De um lado, a segurança querendo garantir a continuidade dos negócios e de outro lado, o movimento sindical lutando pela paralisação dos negócios.

Uma vez compreendido esse cenário, vamos então analisar os pontos mais importantes que devem ser considerados nessa relação.

É importante separar que quando se há a relação em referência é porque um impasse na mesa de negociação foi criado e o diálogo não trouxe o resultado desejado aos representantes dos trabalhadores. Por isso, já segue um aspecto muito importante: a área de segurança de patrimônio deverá estar bem alinhada com a área de relações sindicais e trabalhistas, para sempre ter conhecimento de como anda a situação na mesa de negociação e dos riscos para as possíveis movimentações sindicais.

Uma vez que há risco iminente de movimentação sindical na empresa, cabe a segurança de patrimônio se preparar para aplicar as ações e medidas necessárias para a garantia de manutenção dos negócios.

Abaixo vou elencar alguns ações que devem compor essa preparação:

- Reforço do efetivo de segurança para garantia da manutenção da ordem;

- Contatos com órgãos policiais para acertar apoio e suporte em eventual solicitação (garantia dos direitos constitucionais)

- Monitoramento interno e externo dos principais agentes em promover a movimentação sindical;

- Contatos com demais empresas da mesma categoria para monitoramento das ações do sindicato;

- Providenciar material de apoio para gravar toda movimentação sindical (fontes de provas para justiça);

- Reorientar toda equipe de segurança sobre posicionamento, estratégia da empresa frente ao movimento, regras de engajamento e postura desejada do segurança;

Essas são as principais providências. Além dessas, cada empresa deverá analisar as suas particularidades, a fim de definir a linha de ação mais adequada e apropriada para cada situação.

Termino esse artigo lembrando que é importante ressaltar também que, a ação da segurança de patrimônio deverá estar alinha com as políticas da empresa, os aspectos e princípios de legalidade e a estratégia de negociação definida pela área de relações sindicais e trabalhistas.

Uma visão filosófica da Segurança Privada

Sempre que pensamos em segurança, nos postamos diante de uma ciência impírica que tem como preponderância os sentimentos vividos diante das ameaças na qual você esteve exposto.

Disso resulta a sensação de estar ou não a salvo de um determinado perigo.

Diante de uma ameaça, buscamos a PROTEÇÃO a fim de nos sentirmos em melhor condição de SEGURANÇA.

A intersecção desse binônio, proteção e segurança, é o objetivo que desejamos para satisfazer a necessidade tão básica já definida por Maslow (imagem ao lado).

A tão necessitada PROTEÇÃO tem origem da junção de três palavras: Pró (adv. - A favor de) / Ter (vb. - Estar de posse) / Ação (s.f. - Tudo o que faz).

Resumindo, o foco sempre deve ser o desenvolvimento de ações, cuja condição temos conhecimento de efeito e causa a favor a redução dos nossos riscos.

Somente a partir daí, teremos a junção do binômio supracitado.

Tão importante quanto entender essa apresentação conceitual, é saber que SEGURANÇA é uma ciência impírica, e isso torna muitas situações intangíveis, dificutando a aplicação de ações e medidas preventivas.

O que para alguns se justifica pelo sentimento de medo que possui, para outros, a aplicação da ferramenta é irrelevante ou secundária, pois ele pode nunca ter sido exposto a tal risco.

Daí, a importância de se conhecer os cenários e trazer para um plano sólido, os riscos e as reais possibilidades de um determinado risco vir a se materializar.

Em cima desse pressuposto é que o especialista de segurança deve trabalhar para justificar e implementar suas ações de melhorias.

Isso requer conhecimento de ferramentas de gestão de riscos e visão holística do problema. Nunca se exigiu tanta expertise do profissional de segurança e a tendência é que isso se torne cada vez mais sólido.

Segurança Pública X Segurança Privada

Durante minhas aulas no curso de Reciclagem para Vigilantes, muitos colegas de trabalho encontram dificuldades em entender a relação entre a as Seguranças Pública e Privada.

Na verdade, ao longo da instrução percebo que a dificuldade não está nem tanto em entender a relação, mas está em aceitar que ela seja salutar.

Isso se dá pela nítida concorrência no mercado em que profissionais da segurança pública, acabam por ocupar postos que por ora deveriam ser  de profissionais da segurança privada.

A pegunta mais comum é aquela que não falta em nenhuma turma: Mas o policial pode fazer bico? Isso não é crime?

Pois é meus colegas, crime não é. Mas configura uma transgressão à uma determinação meramente administrativa.

O policial que faz o bico, é apenas um infrator, passível de perder o emprego público sendo exonerado da corporação, mas não por isso será um criminoso.

E ai vem a inquietação: Como combater essa situação que tira o emprego de muitos colegas da Segurança Privada?

A solução não é tão simples assim!

É sabido que muitos que estão no Comando e que deveriam ser o caminho para a solução do problema, são em determinadas situações os agenciadores do “bico”.  Isso , quando não se valem de parentes ou amigos, para administrar sua empresa de segurança ou serviços.

Claro que isso não é motivo para ficarmos desacreditados do sistema.

Minha orientação tem sido sempre que se busque denunciar o policial que faz o bico na Corregedoria (Ouvidoria em alguns estados).

Não tenho tido a oportunidade de acompanhar o desfecho de todos os casos, mas pelos muitos que pude ver o fechamento, a denúncia surtiu efeito.

Não quero aqui entrar no mérito de discutir as razões pelo qual o policial faz o “bico”, pois com certeza o tema abre margem para muita discussão. 

Mas com certeza, na minha avaliação, não cabe a principal justificativa de muitos, que é a necesidade de se aumentar a renda familiar...

Se fosse isso, o que seria dos nossos vigilantes? 

O piso salarial de um vigilante patrimonial é de cerca de R$ 910,00... Com certeza o salário inicial de um policial  é maior do que esse..

Tenho convicção de que todos aqueles que passaram em um concurso público, já entrou na corporação sabendo o valor do salário.

O fato é que muitos também já entraram certos de que poderiam aumentar a renda famliar com o “bico”.
Outro fator que também alimenta o mercado do segundo emprego ao policial, é cultural. 
O brasileiro tem por hábito querer levar vantagem em tudo (Lei de Jérson), por isso, basta observar que os maiores empregadores de policiais como vigilantes particulares, são empresários e comerciantes brasileiros. 
A final, não deixa de ser economicamente viável, subcontratar um policial que a contratar um vigilante privado.

Longe de esgotar esse tema, quero apenas evidenciar que a  integração entre as Segurança Pública e Privada é extremamente salutar, desde que o assunto de interesse seja apenas a segurança e não os interesses pessoais.

Ensaios de Criminologia

“Criminologia é a ciência que estuda O CRIME, O CRIMINOSO, O CONTEXTO, AS CAUSAS, OS FATORES, OS AGENTES E AS CONSEQUÊNCIAS DA CRIMINALIDADE, de forma a compreender o fenômeno e traçar tendências e cenários para o futuro.”

(André Zanetic)

O estudo da CRIMINOLOGIA é disciplina obrigatória na formação e reciclagem do vigilante.

O conhecimento desta ciência se faz necessário para que o profissional de segurança possa manter-se atualizado sobre o estudos desenvolvidos sobre o perfil do criminoso e da vítima. 

Abaixo vou apresentar apenas dois pontos interessantes dessa ciência que cada vez mais se faz presente no estudo dos profissionais de segurança privada.

 DISTORÇÕES MAIS COMUNS DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Os meios de comunicação influenciam na sua sensação de segurança?

Será que a noção de criminalidade que você adquire pelos meios de comunicação correspondem com a realidade?

1. Variação no espaço e no tempo dos crimes são comuns entre as notícias veiculadas e as reais

2. Exposição de que os crimes violentos são maioria, fato diferente da realidade 

3. Tanto vítimas e agressores que aparecem na mídia são mais velhos do que sugerem as estatísticas.

5. Ignora-se os diferentes riscos de vitimização dos diversos grupos.

6. Há uma ausência generalizada sobre o contexto social e histórico da informação apresentada.

7. Existe uma concentração da atenção sobre os crimes de rua, cometidos por pobres, e uma desconsideração com relação aos crimes de colarinho branco.

8. Dados enganosos são apresentados aos leitores, como os que reportam aumentos dos números de crimes sem levar em conta aumentos no tamanho da população.

( Cidades Blindadas – Túlio Kahn)

“Os meios de comunicação selecionam os tipos de violência que veiculam, selecionando vítimas, autores, situações específicas e direcionando o modo como devem ser selecionados.”

(Sacco,1995)

 VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE

1. Aumento da população jovem
2. Crescimento do desemprego / subemprego
3. Crescimento das desigualdades sociais
4. Fortalecimento do crime organizado
5. Falta de integração entre as polícias
6. Insuficiência do Judiciário e do Ministério Público
7. Má remuneração dos nossos policiais
8. Sistema carcerário deficiente e ineficiente
9. Desrespeitos aos direitos fundamentais dos cidadãos
10. Leis penais desatualizadas e ineficientes

Em outra oportunidade estarei dando continuidade à esse conteúdo com outros pontos relevantes, como por exemplo, a participação do sistema prisional brasileiro nese cenário e entre outros pontos.

Apresentação do meu Blog

A idéia de construir esse blog partiu da necessidade de apresentar a todos os meus contatos e internautas um pouco do meu trabalho.

Ao longo dos mais de 17 anos na área de segurança, agreguei muitas experiências atuando nos ambientes da segurança pública e privada.

Atualmente, como Consultor de Segurança Corporativa e Especialista em Gestão Empresarial, tenho a oportunidade de colocar em prática e aprimorar todo conhecimento adquirido ao longo deste últimos anos.

Como atividade complementar, atuo como palestrante e instrutor de capacitação dos Agestes Operadores do Sistema de Segurança e seus Usuários, tanto no segmento Corporativo como em Condomínios.

O dinamismo do crime exigiu da segurança patrimonial mudanças relevantes nos últimos anos e de uma certa forma isso tem exigido dos profissionais de segurança uma adequação profissional face a tantas mutações. Dai, a importância da revisão de conceitos e práticas que possam já não ser mais eficientes.

Isso só é possível com uma reciclagem remodelada aos novos cenários de segurança e que possibilite ao profissional de segurança, se preparar pelo que ainda está por vir.

Já para as companhias e condomínios, há que se rever se a estrutura, a tecnologia, a política de segurança e o conjunto do Sistema Integrado que compõe todo processo, está adequado.

De nada adianta sair investindo aleatóriamente e demasiadamente em tecnologia que não atenda a necessidade específica de cada empresa ou condomínio. São muitos os fatores que contribuem incisivamente para o sucesso da segurança.

Por isso, a importância da contratação de um especialista no assunto para ajudar a dar "suporte" na implantação e sustentação dessas adequações.

Caso você tenha interesse em saber o que mais pode ser feito e quais ferramentas podem ser aplicadas, entre em contato através do meu e-mail: jmcnascimento@yahoo.com.br ou do telefone celular: (084) 8734 0413

Um forte abraço e muito sucesso.